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Halitose e seu tratamento com terapia fotodinâmica

A halitose, também conhecida como mau hálito, é um termo utilizado para definir um odor desagradável e fétido que emana da boca, podendo apresentar origem local ou sistêmica. O mau hálito, geralmente, se origina na própria cavidade oral.1 A prevalência de halitose na população mundial é muito variável. O mau hálito afeta aproximadamente de 2,4% a 57,9% de amostras quando avaliadas pelo método organoléptico ou cromatografia gasosa, um método objetivo para a aferição do hálito2. A cromatografia gasosa é o método mais apropriado para detectar a halitose de diferentes origens porque realiza a mensuração individual dos 3 principais gases (sulfidreto, metilmercaptana e dimetilsulfeto), permitindo avaliar a intensidade do hálito e sua origem.3,4 Contudo, há uma falta de padronização nos protocolos para diagnóstico e tratamento de halitose na literatura. Na maioria das vezes, o tratamento da halitose está relacionado ao mascaramento do odor ou a diminuição da quantidade de bactérias, através da utilização de raspadores linguais e de enxaguatórios bucais5,6-10.

Uma vez que a halitose desempenha um papel importante na qualidade de vida e convívio social11, é importante avalia-la em diferentes populações, entre elas crianças e adolescentes, que se preocupam cada vez mais com a comunicação e com a sua imagem perante a sociedade. Além disso, existe a necessidade de novas alternativas de tratamento para o paciente, principalmente diante dos avanços tecnológicos em Odontologia, como a utilização de fontes de luz em vários tipos de tratamentos.

No Programa de Pós-Graduação em Biofotônica Aplicada às Ciências da Saúde, aprendemos sobre os diversos efeitos que os lasers e diodos emissores de luz (LEDs) podem exercer sobre os tecidos. Nesse programa, são conduzidas muitas pesquisas em diferentes áreas da saúde, nas quais as luzes são utilizadas em estudos clínicos e laboratoriais. São tantos trabalhos sendo conduzidos com sucesso, que em sua primeira avaliação no quadriênio, o programa obteve conceito 5 da CAPES. As fontes de luz podem ser utlizadas, por exemplo, para controlar a inflamação, acelerar a cicatrização, biomodulação, corte de tecidos e podem ter uma ação anti-microbiana, como, por exemplo, a Terapia Fotodinâmica (PDT).

A PDT já foi aplicada com sucesso em lesões da cavidade oral com um nível alto de preservação de funções como a fala e a deglutição12. Esta terapia se baseia no princípio de que um corante se liga à células cancerígenas, microrganismos ou de tecidos não desejados e é ativada por uma luz de comprimento de onda adequado. Durante este processo, radicais livres de oxigênio são formados, levando a necrose ou apoptose dessas células13,14,15 . Uma das suas grandes vantagens  da PDT é a ausência de efeitos colaterais. A terapia fotodinâmica antimicrobiana (aPDT) representa uma alternativa para os tratamentos antibacterianos, antifúngicos e antivirais convencionais, além da sua possível eficácia contra microorganismos resistentes às drogas. Além disso, quando associada aos métodos de tratamento convencionais, a aPDT têm apresentado resultados muitos satisfatórios no tratamento de infecções bacterianas na área odontológica15,16.

No grupo de pesquisa de Biofotônica da UNINOVE, já realizamos diversos estudos17,18,19,20 sobre halitose, inclusive em pacientes adolescentes17,18,19. Trabalhamos com tratamentos para matar as bactérias da saburra lingual, a principal causadora do mau hálito. Dentre esses tratamentos, o grupo se destaca pela aPDT. Já realizamos estudos utilizando o azul de metileno como corante e o laser vermelho como fonte de luz e tivemos resultados muito satisfatórios, com a redução imediata da halitose18,19,20. Atualmente, estamos testando novos corantes com diferentes fontes de luz, inclusive com LED, um aparelho de baixo custo e que a maioria dos dentistas já tem em seus consultórios, permitindo uma maior acessibilidade da aPDT para o tratamento do mau hálito.

Podemos concluir que a halitose é uma condição de difícil de diagnóstico e tratamento e que influencia a qualidade de vida e vida social daqueles afetados por ela. Por isso, os dentistas e profissionais de saúde devem estar cada vez mais cientes das formas de diagnóstico e tratamento que estão sendo pesquisados com o objetivo de reduzir ao máximo a presença de halitose nos pacientes.

Referências:

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Autores:
Ana Carolina Costa da Mota
Marcela Leticia Leal Gonçalves                                                                  
Sandra Kalil Bussadori

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Terapia fotodinâmica no tratamento da halitose